Deficiência de K no algodoeiro
O potássio (K) é um nutriente requerido pelo algodoeiro em quantidade similar ao nitrogênio (N). A época de máxima taxa de absorção coincide com o florescimento e durante o desenvolvimento dos frutos a absorção de K é baixa, mas a translocação para os frutos é intensa, o que, dependendo da disponibilidade de K no solo e da quantidade fornecida via fertilizantes pode expressar sintomas de deficiência de K (Figura 1).
Figura 1. Deficiência de K em lavoura de algodão.
Fisiologia
Dentre as diversas funções desempenhadas pelo K cita-se o papel nas relações hídricas (controle da abertura e fechamento estomático), ativação enzimática, incluindo a Rubisco, equilíbrio de carga e transporte de carboidratos. A deficiência do K resulta em menor deposição de celulose na parede secundária das fibras, piorando a qualidade da fibra como micronaire, comprimento e resistência, além de antecipar a maturação, inibindo a expressão do potencial genético das cultivares.
Teores inadequados de K na planta resultam em acumulação de carboidratos nas folhas (fontes) e reduzem a taxa de transferência de carboidratos aos frutos (drenos) (Figura 2). Assim, é importante que haja equilíbrio entre as adubações nitrogenada e potássica, pois o resultado do desbalanço é a redução do peso do capulho. Geralmente teores de K na folha (início do florescimento) entre 15-25 g/kg são considerados adequados, porém abaixo disso os sintomas de deficiência tendem a aparecer (Figura 3).
Figura 2. Efeito do suprimento de N e K sobre o teor e taxa de transferência de sacarose, peso específico da folha de algodão e peso médio do capulho.
Figura 3. Aspecto visual de folhas sadias e deficientes de algodão na fase de enchimento de frutos.
Solo
O principal mecanismo de transporte do K até a raiz é por difusão, mas o fluxo de massa pode ter contribuição significativa no processo quando a concentração de K na solução do solo é elevada. O K possui carga positiva, o que significa que será retido nas cargas negativas das argilas ou da matéria orgânica do solo. Porém, em solos arenosos (<20% de argila) o K terá menos cargas negativas para se associar, e quando o solo estiver úmido o K não adsorvido estará na solução do solo, aumentando a possibilidade de ocorrer fluxo de massa mas também lixiviação.
Ciclagem do K com o uso de plantas de cobertura
Plantas de cobertura com sistema radicular vigoroso e profundo podem absorver o K lixiviado às camadas profundas do solo (superior a 1 m), onde geralmente o sistema radicular das culturas agrícolas não chegam devido às condições químicas, físicas e biológicas. O K absorvido em profundidade será reciclado quando a biomassa da planta de cobertura for manejada (roçada ou dessecada), e logo após as primeiras chuvas boa parte do K será lavado dos tecidos, pois o K não é componente estrutural da célula e forma ligações com moléculas orgânicas de fácil reversibilidade.
Cultivares de algodão
Cultivares modernas são mais exigentes em relação as antigas devido ao aumento do potencial produtivo e ao encurtamento do ciclo, pois cultivares precoces são mais sensíveis a deficiência e mais exigentes em K pelas estruturas reprodutivas no início do ciclo e ao seu sistema radicular ser menor que o das cultivares tardias.
Produtividade e qualidade da fibra
Deficiências de K ao final do ciclo podem indicar grande carga frutífera na planta (Figura 4) e em alguns caso não comprometer a produtividade. Porém se a deficiência aparecer no início do florescimento, em geral a produtividade será limitada.
Figura 4. Deficiência de K no algodoeiro na fase de enchimento de maçãs. Nota-se que o grande número de drenos (frutos) intensifica o aparecimento dos sintomas de deficiência.
A absorção de K pelo algodoeiro varia de acordo com o potencial produtivo, assim lavouras de 1000, 1800 e 2400 kg/ha de fibra absorvem, em média 77, 167 e 250 kg/ha, dos quais 21, 17 e 15% são exportados, respectivamente (Rochester, 2007). Dessa forma, observa-se que lavouras altamente produtivas demandam bastante K, porém exportam muito pouco, o que pode exigir investimentos mais elevados em fertilidade do solo nos primeiros anos de cultivo, porém, com o tempo e com o aumento do teor de K no solo, pode-se usar a estratégia de repor o que foi exportado via colheita, desde que seja adotado um sistema que minimize as perdas por lixiviação, erosão e escorrimento superficial.
A produtividade é aumentada quando se fornece doses adequadas de K devido á manutenção da área foliar fotossinteticamente ativa por mais tempo, além da planta controlar melhor a perda de água através da transpiração, o que pode atenuar uma condição de estresse hídrico e térmico.
A qualidade da fibra pode ser menor se a deficiência de K for muito severa, principalmente o comprimento (devido á menor expansão da célula – fibra), o micronaire (menor deposição de celulose na parede secundária da fibra) e a resistência, além do índice de fibras curtas ser maior.
Aduba
O aplicativo Aduba da plataforma Cotton Apps pode auxiliar no manejo adequado da adubação da lavoura de algodão, em relação às doses e fontes utilizadas, além do acompanhamento do status nutricional via análise foliar (Figura 5).
Figura 5. Tela da diagnose foliar do aplicativo Aduba da plataforma Cotton Apps.
Para baixar o aplicativo Cotton Apps clique aqui para Android ou IOS (iPhone)
Por Fábio Rafael Echer, Doutor em Agronomia e professor na Unoeste em Presidente Prudente-SP
Contribuiu Dr. Ciro A. Rosolem, professor titular na FCA/Unesp em Botucatu-SP